Um negócio da china

“Eu vi aquele negócio” – eu disse.

Silêncio do outro lado da linha.

“Está tudo certo” – completei.

Tenho certeza de que foi um choque quando anunciei minha mudança. Chorei depois que desliguei. Não quero ferir a mulher que eu mais amo no mundo inteiro, minha mãe. Mas péra lá, façamos as contas: 27. São vinte e sete primaveras completadas esse anos e, até então, nada de mi casa. Nada contra quem escolhe ou precisa, ainda, aos vinte sete anos, viver com os pais. Tive uma ótima oportunidade e resolvi abraçá-la. Sempre foi o meu maior desejo desde os 18 anos. Hoje, posso fazer essa gracinha. Vou começar a receber em agosto e viver a minha vida do meu jeito na minha própria casa...e estou feliz, radiante!

Comecei a comprar coisas e decidir coisas de decoração. Minha casa terá a minha cara...minha gente, estou tão satisfeita que poderia estourar de contentamento. Quando entrei no imóvel fiquei estonteada mesmo: lindo. Quarto e sala. Escolhi as cores. Azul, verde, palha e lilás.

Comprei os copos, o varal de pé e uma série de pequenas coisas. Comprei um cebolão! Nem sabia que existia tal objeto, para quem não sabe, trata-se de um potinho com tampa em formato de cebola para armazenar e guardar na geladeira temperos e cebolas cortadas (diz que evita o cheiro)...como pude viver tanto tempo sem um cebolão?

Sou a rainha do 1,99! Estourei o cartão no 1,99! Viva eu!

Um porém do lugar: o banheiro fica dentro da cozinha (querido irmão, nem pense em usar minha privada) e não tem tanque de lavar roupa. Foda-se, eu não poderia estar mais feliz...