31.8.07

Fossa

Pilhas e mais pilhas. E aquele palavrório advocacês que pessoas comuns como você e eu pouco entendemos. Pilhas e mais pilhas, processos mofando nas prateleiras. E os digníssimos falando com a boca cheia como quem cospe verdade. A justiça fica assim, meio que embolorada, esvaziada. Que me perdoem os advogados, mas não confio. A justiça no Brasil quando não tarda e falha, não falha mas tarda, capici? Nós nem mais percebemos o quanto isso é cruel...o sistema é inconfiável.

As pessoas morrem nas portas dos hospitais. A educação é uma merda. O país tá na fossa, minha gente, cá pra nós. Quem acha que o Rio de Janeiro é uma maravilha, não conhece o inferno, a carência dos serviços mais básicos. Não há como pintar a cidade tal como uma novela de Manoel Carlos, só porque muitos de nós não a vemos, a carência, não quer dizer que ela não exista.

Os garotos da universidade, quando subo com eles no elevador, me fazem pensar no quanto muitos de nós sequer nos tocamos acerca do perverso da realidade. Ok, são garotos e jovens, suas vidas são perfeitas. Viver é bom, viajar, curtir com os amigos, namorar, estudar, se preparar para o futuro...tudo isso é bom e é viável (embora não para todos) mas, ao meu ver, o futuro de cada um está intrínsecamente atrelado ao da cidade e país em que vivemos. E o que afeta parcela considerável da população, afeta a todos.

Me emputeço freqüentemente, mas muito menos do que deveria. Fico, sim, a ouvir, perplexa, as mais diversas barbaridades que acontecem país afora. Mas impávida, como boa brasileira que sou.

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