Volver...

Outro dia passei em frente ao cinema que tem aqui perto do meu prédio. Era Volver, o filme em exibição. Último dia. O mundo inteiro já havia visto Volver. Me rendi. Chegando em casa, cato as moedas e parto para duas agradáveis horas.

Pessoas, vou contar como gosto de assistir aos meus filmes: confortavelmente sentada, sem pessoas muito próximas de mim (a não ser, amigos) para que eu possa dispor daqueles apoios de braço sem disputar com um outro alguém desconhecido. Sem barulhos irritantes e, principalmente, sem pessoas nojentas falando em pleno filme. Também detesto a idéia de me levantar para ir ao banheiro depois de começada a sessão. Gosto de me refastelar e só levantar com os créditos finais.

Ah, esqueci de dizer que prefiro manter distância de "homensbizarrosque sentammuitopróximoeficammeencarandoemexendonaporcariadosaco".

Sim, pessoas, eis que duas cadeiras depois da minha, se senta uma figura como a descrita acima.

Não, o referido 'saco' não se tratava de um pacote de balas ou pipoca. Sabe o que é? O cara já estava me pertubando quando decidi nem me dar ao trabalho de reparar no que o homi fazia exatamente com as mãos. E olhava pro filme e olhava pra mim, e daí por diante. Sem contar que, desde o momento que o camarada se sentou, um futum terrível se espalhou entre as cadeiras próximas. Sim, ainda por cima, fedia. Vez ou outra, lufadas de ar poluído chegavam até a mim. Juro que antes de perceber a fonte do odor, eu já estava escrevendo mentalmente uma reclamação ao gerente do cinema: onde já se viu, mataram os ratos e esqueceram de retirar seus pequenos corpos em decomposição?!?

Já mencionei que detesto me levantar depois de iniciada sessão?

Pensei ter escolhido a cadeira perfeita, só tinha um casal atrás de mim. Eles conversavam entre si antes de se apagarem as luzes. Pessoas, nunca comentem em lugar público, mesmo que entre desconhecidos, causos que envolvam nomes de outras pessoas. O casal não poderia supor que eu conhecia a fulana de tal, diretamente envolvida no causo e, por acaso, minha professora na Uni-Rio. E por sinal, nem terminaram de comentar o final da história, o que me deixou com pulga atrás da orelha. Imaginem só, eu me virando para interagir: ''mas geeeeente, e aí?"

Eis que o casal me apronta mais uma. Já na parte final do filme, quando o clímax, o momento da história que, se não explica tudo, significa muito, se aproximava, o cara simplesmente conta o segredo. Ah, aproveitou para explicar tintin por tintin para a sua acompanhante que, ainda não tendo captado a coisa, pergunta: mas o pai da menina é o avô?

Cinema pra mim é para relaxar, curtir o clima, os traillers, a poltrona, o cheiro (de ar-condicionado)...não estou lá ra me estressar, aliás, deixei essa vida de exaltações para trás mesmo. Gente, um mínimo de etiqueta no cinema é preciso.