Aos 20

O cabelo branco feminino é intolerável. Te põe dez anos mais e se você for uma mulher que não deseja cair na armadilha, na escravidão das tintas, ainda corre o risco de ser percebida por muitos como relaxada, sem vaidade ou nada feminina. Eu bem sei que a minha cabeleira marrom desbota cada vez mais a cada ano que passa, mas agora os meus poucos cabelos brancos estão bem camuflados por entre os fios super loiros que uma cabeleireira desavisada me deixou ao tentar fazer mechas. Juro que nem ligo mais para os poucos famigerados fios brancos, mas achar o primeiro há cerca de cinco anos atrás me deixou apreensiva.

Mas não mais do que quando percebi a primeira finíssima linha de expressão pouco abaixo dos olhos. Inevitável, né mesmo? Para não envelhecer, basta morrer jovem (como o refrão daquela música: “I hope I die before I get old...”). E eu que nunca pensei que chegaria à minha idade (porque quando se é muito jovem, a imaginação não te leva para além do vinte e cinco), achava sim, que lá pelos 25 ou 26 anos eu já estaria super estabilizada e casada.

Pois que a super-estabilidade se vá para os quintos do inferno...só se é jovem uma vez? Pois agora é a hora de errar, bater com a cabeça na parede, errar de novo e mais uma vez. Só não vale marcar bobeira e se prejudicar por más escolhas, ou mesmo ver o bonde passar sem ter a coragem de pular dentro (Fiz muito isso e faço. Erro gigantesco meu). Porque quando você parar para acertar contas com seu passado pode correr o risco de perceber que muito pouco valeu a pena ou que foi uma puta burrice não ter se permitido mais.

Temos nove anos para fazer burradas e não sermos tão cobrados por isso, entre os 20 e os 29. A vida pode se fazer meio que no improviso, quase como que com um sorriso frouxo no rosto, cheio de uma sabedoria que diz assim: estou aprendendo, não tenho porque ter tantas neuras, não tenho pressa....